Consulta de Anestesia Pré-operatória - Crianças
A consulta de anestesia deve ser realizada antes do doente ser submetido a uma intervenção cirúrgica programada. Realiza-se cerca de três semanas antes da data prevista da cirurgia, permitindo fazer o estudo do doente e a avaliação do risco médico-cirúrgico do ato anestésico. Os doentes com maior risco são aqueles que apresentam patologias associadas, como doenças cardiovasculares, respiratórias, endocrinológicas, entre outras.
A consulta de anestesia visa minimizar riscos, prevenir complicações e preparar os doentes para a cirurgia. A maior ou menor complexidade de preparação para uma cirurgia deve ser explicada ao doente, previamente na consulta, e não apenas na véspera da mesma. A avaliação global e criteriosa do estado físico do doente tem por objetivo salvaguardar a sua segurança.
Anestesia Geral em Pediatria
Preparação para a Anestesia Geral
A criança deve cumprir o seguinte jejum:
<6 Meses
• Leite Materno: até 4 horas antes da cirurgia
• Leite Adaptado: até 6 horas antes da cirurgia
6 Meses - 3 Anos
• Leite Adaptado e/ou Sólidos: até 6 horas antes da cirurgia
• Água ou Chá: até 2 horas antes da cirurgia
>3 Anos
• Sólidos: até 6 horas antes da cirurgia
• Água ou Chá: até 2 horas antes da cirurgia
Deve suspender os medicamentos naturais, ou não, sujeitos a receita médica, 2 semanas antes da cirurgia.
Deve manter a medicação habitual de acordo com instruções médicas.
No caso de cirurgia ou exame já agendados, informar o respetivo Serviço se:
• Vacinação nas 3 semanas prévias;
• Febre na semana prévia;
• Infeção respiratória – deve aguardar 2 a 3 semanas depois da resolução;
• Contacto ou doença contagiosa da infância (ex. Varicela) – deve aguardar 5 semanas.
No dia da cirurgia
Deve trazer consigo medicação e o boletim de saúde infantil.
Realizará medicação pré-anestésica (para diminuir a ansiedade), aplicação de creme anestésico no dorso da mão para posterior cateterização venosa indolor.
O que é a Anestesia Geral?
A anestesia geral é a forma mais comum de anestesia utilizada em crianças.
Consiste na administração de um conjunto de fármacos que provoca um estado de sono profundo e tranquilo, inconsciência para o ambiente que a rodeia, analgesia e amnésia (ausência de memória) para a cirurgia.
Os fármacos utilizados para iniciar a anestesia podem ser administrados por via inalatória, em que a criança respira uma mistura de oxigénio com gases anestésicos através de uma máscara, ou por via endovenosa através de um cateter que se coloca numa veia.
Efeitos secundários, riscos e complicações associados à Anestesia Geral
Apesar de extremamente segura, existem riscos inerentes quer ao procedimento anestésico quer a cada criança em particular. Podem ocorrer ainda efeitos secundários e, muito raramente, complicações graves.
Efeitos secundários mais frequentes: náuseas, vómitos, sonolência e irritabilidade no pós-operatório.
Riscos e complicações:
• Lesão dentária acidental durante manipulação da via aérea ou remoção intencional de peças dentárias
semi-soltas de forma a prevenir a sua aspiração para a via aérea;
• Broncospasmo ou Laringospasmo por manipulação da via aérea;
• Regurgitação e aspiração para a via aérea de conteúdo gástrico (o cumprimento do jejum é fundamental
para uma redução substancial deste risco);
• Anafilaxia/Reações alérgicas aos fármacos usados durante a anestesia;
• Hipertermia Maligna: uma complicação muito rara, associada a suscetibilidade genética. Deve informar
o Anestesiologista no caso de existir história de picos febris despoletados pelo exercício físico
ou se alguém na família reagiu com aumento da temperatura corporal e rigidez muscular durante
uma anestesia geral;
• Paragem Cardiorrespiratória: em casos de anafilaxia grave, instabilidade cardiovascular grave, embolia
pulmonar e hemorragia cirúrgica incontrolável/coagulopatia.
RECOMENDAÇÕES PÓS-ANESTESIA GERAL EM REGIME DE AMBULATÓRIO
Durante as primeiras 24 horas:
• A criança deve estar sempre acompanhada por um adulto responsável;
• Deve cumprir as orientações do médico responsável;
• Não deve ir para o infantário ou escola;
• Não deve brincar com objetos com arestas vivas e/ou aguçadas, nem praticar desportos,
nomeadamente andar de bicicleta, triciclo, skate, patins...;
• No transporte para casa deve ir sentada em cadeira apropriada à idade e com cinto de segurança;
• Antes de ter alta, a criança já ingeriu líquidos, que tolerou. Evitar refeições muito abundantes
ou de digestão difícil;
• Se eventualmente se engasgar ou vomitar, deve esperar 30 minutos e recomeçar ingestão de líquidos
açucarados (água, chá ou sumos sem polpa, o leite não é permitido nesta fase). Se tolerar pode reiniciar dieta
mole e ligeira 30 minutos a 1 hora mais tarde;
• É normal que esteja mais sonolenta e/ou com comportamento diferente do habitual
(mais calma e quieta ou mais irrequieta e rabugenta);
• Deve tomar a medicação habitual (por exemplo anti-epilépticos ou outros), a não ser que lhe sejam
dadas instruções diferentes;
• Após 24 horas, a criança deve regressar ao seu comportamento habitual.
No entanto, se a criança:
• Estiver muito sonolenta;
• Não se alimentar ou vomitar muito;
• Tiver qualquer sintoma anormal.
Deve telefonar para o contacto fornecido ou ser observada pelo seu médico assistente ou dirigir-se à urgência.